domingo, 13 de julho de 2014

Sete coisas legais da Alemanha e Uma do Brasil.


 Sim, esse texto é por causa da derrota vergonhosa que a Seleção Brasileira sofreu da Seleção Alemã, perdendo de 7  a 1!
 Aproveitando que hoje, dia 13 de julho de 2014, é o dia em que teremos a final do Mundial de Futebol já que é proibido falar Copa, este vai ser o primeiro e último texto que terá alguma relação com os acontecimentos deste grande evento.
 Após a vitória massacradora da Alemanha, inúmeras piadas com Hitler e os episódios da Alemanha Nazista bombaram nas mídias sociais e em tudo quanto é página humorística do Facebook. O que nos faz pensar que toda a herança cultural popular que a Alemanha tem para nos dar é relacionada a Segunda Guerra Mundial.
 E não! Não é!
 Para desmistificar a Alemanha como "país só de guerra e palavras difíceis", lá vão sete (pelos gols) indicações de filmes, autores, bandas e outras coisas legais que se encontram na Alemanha...tá, e uma do Brasil pro nosso país não se envergonhar. De novo.




 E para os fãs de rock, metal e música de qualidade a primeira dica é:

 Rammstein.


Rammstein é, das bandas de rock alemãs que cantam em alemão, a mais conhecida do grande público.
 Seu estilo se define mais como new metal ou metal industrial. Metal industrial pode se definir pelo metal que possui influência de música eletrônica. O techno se mostra presente em Rammstein o tempo todo. Em outras palavras, as músicas da banda alemã possuem o peso do metal e as "máquinas" da música eletrônica em dose ideal para que se ouça usando um protetor auricular.
 Impondo brutalidade, força e violência com a imagem de seus integrantes (que são os mesmos desde sua formação em 1994), a própria banda se contradiz quando expõe letras bem-humoradas, descontraídas e que, se utilizando do duplo sentido abusivo (como na música Pussy) fazem críticas sociais. Dentro do gênero de new metal, são obviamente uma grande influência para System of a Down, banda que segue esses moldes e que merecerá uma citação quando o assunto for a Armênia.
 Enquanto é a Alemanha que se comenta, Rammstein ergue o troféu de metal, pelo menos o da fama. Pois atrás dele, ou na frente, ainda temos Sodom, Kreator, We Butter the Bread With Butter e Breakdown of Sanity.


Scorpions


 Essa entra nas indicações nem tanto por sua qualidade, mas por sua importância histórica. 
 Foi, na Alemanha, a primeira banda de hard rock. Em 1965, foi formada pelo guitarrista Rudolf Schenker, que permanece na banda até hoje.
 Inovando no país com esse estilo musical, Scorpions, originalmente chamados de Nameless ("Os Sem Nome"), até hoje são considerados a melhor banda de heavy metal e hard rock do território germânico, assim como é um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento do gênero musical nos anos setenta e oitenta.
 A música acima, Rock You Like a Hurricane, seja o maior hit do grupo de rock (estando sempre presente em listas da Billboard e Rolling Stones, e no game Guitar Hero). Outra também que todos conhecem  é Still Loving You, canção obrigatória em festas e bailes para "dançar agarradinho".
 E em números, Scorpions arrebentam. Afinal, seus ex-integrantes são em número quase tão alto quanto a quantidade de álbuns lançados. 29 álbuns e 15 ex-integrantes.


 Nosferatu (1922)


 O filme mais famoso do período que conhecemos como "expressionismo alemão".
 O roteiro é uma adaptação do livro clássico Drácula, de Bram Stoker. Mas talvez seja uma das adaptações mais fieis em detalhes e fraca em coisas simples como nomes de personagens e cenários que são EXTREMAMENTE modificados. Por que? Porque a família de Bram Stoker não concedeu autorização aos produtores do filme para usar os nomes "Drácula" e "Lucy".
 Graças a esse motivo, o filme sofreu acusação de plágio e teve inúmeras de suas cópias destruídas. Mas como os alemães também sabem dar seus jeitinhos brasileiros, o filme está disponível até no Youtube hoje em dia.
 Conta a história de Conde Orlok  (tá, a gente sabe que é o Drácula), um vampiro que ao se apaixonar pela jovem mortal Ellen traz o terror a sua pequena cidade chamada Winsbor. 
 É considerado um dos primeiros filmes de gênero terror, e um dos melhores do gênero até hoje. Seu protagonista, interpretado por Max Schreck, sendo diabólico e louco era, e é por muitos, considerado uma representação de República de Weimar (nome adotado pela Alemanha desde o fim da Primeira Grande Guerra até o início do regime nazista em 1933).
 Acrescentando na trama coisas que não existiam no livro (como a veia cômica de Orlok) e retirando algumas (como o caçador Van Helsing), o diretor Friedrich Wilhelm Murnau ganhou fama apenas por Nosferatu...e é claro, com o também clássico filme Fausto, que veio a lançar quatro anos depois.



Metrópolis (1927)


 "Metrópolis não é só um filme. É uma revolução." são as palavras que muitos fãs do clássico dizem.
 Metrópolis, ao contrário de Nosferatu, é um filme com diversas camadas de compreensão, como diria Luisa Clasen.
 Em seu roteiro, vemos uma sociedade dividida. No Século XXI (o que parecia longe, considerando que o filme é de 1927), uma cidade governada por um empresário possui dois tipos de moradores: Os sócios deste empresário, que constituem a alta classe da cidade e vivem em um jardim com ótima qualidade de vida, e os trabalhadores, que vivem como escravos de máquinas e são condenados a trabalhar e ter como moradia o subsolo da cidade. O filme ganha propósito quando, neste futuro deturpado e distópico, Maria ergue a cabeça e procura organizar os outros trabalhadores para correrem atrás de seus direitos.
 Cheio de alusões a religião, críticas sociais, morais e éticas, elementos de gêneros como romance, ação e mistério, o roteiro de Metrópolis é tão rico e fiel ao livro do qual foi adaptado por uma única razão - Seu roteiro foi escrito por Thea von Rabou, a autora da obra literária. Assim é fácil de se manter fiel.
 Também diferentemente de Nosferatu, o longa tem certa relação com a época nazista da Alemanha. Era um dos filmes favoritos de Adolf Hitler, e isso fez com que o ditador intimasse Fritz Lang (diretor do filme) para produzir filmes á campanha nazista. Enquanto sua esposa (escritora e roteirista de Metrópolis, livro e filme) aceitou a proposta, Lang fugiu para Paris onde dirigia produções de conteúdo antinazista.
 O filme mostra uma preocupação que assola gerações, pois era atual em 1927 e permanece até hoje. Ele lamenta a mecanização do trabalho industrial, e preza pela emoção humana, que quase foi esquecida e abandonada totalmente neste processo.
  "O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração!"

Irmãos Grimm


 O motivo deles estarem nessa lista é bem controverso.
 Irmãos Grimm (Jacob, o mais velho, e o caçula Wilhelm) foram os responsáveis não por criar vários contos de fadas, como imaginam muitos, mas sim por torná-los acessíveis e publicá-los em forma de livro.
 Os contos sempre existiram, eles apenas os registraram e começaram a faturar pelos direitos autorais (dois malandros).
 Muitas de suas histórias precisaram de alteração (como a troca de uma mãe por uma madrasta, em Branca de Neve ou João e Maria) para que o público infantil, e seus pais, não se chocassem com elas.
 O mito de que os Irmãos Grimm inventaram os contos de fadas é realmente um mito.
 Mas sua importância para a popularização dessas histórias é tão grande que tivemos, em 2005, um filme com Heath Ledger e Matt Damon chamado Irmãos Grimm e um recente seriado da NBC chamado Grimm.


Caveira Vermelha 

 No Universo Marvel, e talvez em todo o mundo das HQs, Caveira Vermelha é o personagem e vilão alemão mais famoso e importante no arco de histórias.
 Originalmente, em 1941, sua identidade era a de John Maxon. Porém, foi reformulado depois. E esta reformulação só é aceita pelos fãs como oficial pois foi feita por Jack Kirby e Stan Lee, os mestres da Casa das Ideias.
 Johan Schmidt é a real identidade de Caveira Vermelha. Sua mãe morreu no parto e  seu pai, suicidou-se. Cresceu órfão nas ruas da Alemanha, como um ladrãozinho juvenil.
 Ao conhecer Hitler (novamente, este é o item da nossa lista que mais tem envolvimento com a Alemanha nazista), Johan foi treinado e recebeu uma máscara vermelha em formato de crânio, fazendo jus ao seu nome.
 Encontrando o Capitão América nos EUA, se tornam arqui-inimigos  e, em certa ocasião, teve seu corpo exposto por uma mistura de gases...que lhe deram habilidades sobre-humanas. São basicamente os mesmos poderes que o Capitão. Força, agilidade, reflexos, resistência, imunidade fisiológica e intelecto genial.
 Em 1990, houve o primeiro e vergonhoso filme do Capitão América, com Scott Paulin no papel do Caveira, mas isso é melhor esquecer.
 Já em 2011 o primeiro filme digno do Capitão foi feito, com Hugo Weaving interpretando magistralmente o Caveira Vermelha, com uma excelente maquiagem que durou mais de três horas para ser feita.
 A maquiagem do Caveira Vermelha durou mais do que o próprio filme.


Hino da Alemanha


 Tá, digamos que o hino da Alemanha não seja realmente tão importante para a cultura popular.
 Mas a única coisa mais surpreendente do que cinco gols em menos de quinze minutos que vimos no último jogo contra o Brasil, é o quanto este hino é bom.
 Patriotas e brasileiros fanáticos talvez não admitam (por puro rancor) mas o idioma alemão é realmente bonito, e cantado com paixão pelos alemães tendo como pano de fundo esta linda melodia...
 E se eu estiver errado, me corrijam. Mas por algum motivo, acho que a o começo instrumental realmente se parece com Love of My Life, do Queen.


 E debaixo de sete coisas tão lindas e admiravelmente boas da Alemanha, só nos resta indicar algo de boa qualidade feito no Brasil para que nos igualemos ao lendário jogo.
 Alemanha: Sete. Brasil: Um.
 E como zoera never ends   a piada não pode acabar, o "algo brasileiro" a ser indicado é o filme...

 Alemão (2014)


 O filme, dirigido por José Eduardo Belmonte, conta a história de cinco policiais que se infiltram na favela do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Porém, traficantes descobrem sobre a operação e começam uma busca pelos policiais.
 Incluindo ação e o drama de ser baseado em acontecimentos reais, Alemão conquista o público também com o grande elenco com o qual conta: Cauã Reymond, Antônio Fagundes, Caio Blat, Gabriel Braga Nunes e Milhem Cortaz. 
 Muitos podem achar um filme bem copiado de outros filmes nacionais, entrando na onda de favela movie que existe desde que Cidade de Deus ganhou o status de um dos melhores filmes nacionais já feitos.
 O ponto positivo do filme é o fato de que a ação crua o deixa interessante do começo ao fim devido também ao uso de imagens reais como os vídeos de reais operações feitas no Complexo do Alemão (imagens exibidas, na época, em telejornais de todo o Brasil). Já o seu ponto negativo é o pior defeito que um filme pode ter: Personagens desinteressantes que não criam conexão ou identificação com o espectador.
 Mas além de tudo isso, sabe porque este filme está sendo o único filme brasileiro a ser indicado aqui nesta lista?
 Porque o título dele é Alemão! E a Alemanha ganhou de 7x1 do Brasil! E vai ganhar a Copa do Mundo, nossa tão falada Copa das Copas, e este texto é nada mais que uma pequena homenagem ao país que mesmo assolado por fome, nazismo e inúmeras outros problemas de enorme proporção nunca perdeu a habilidade de produzir belas artes e de gerar grande impacto no universo da cultura popular.
  E caso você ainda esteja decepcionado por Hitler não ter sido mencionado nesta lista, um fato curioso pra você: Adolf Hitler nasceu na Áustria, e não na Alemanha.
 E saiba também que se fosse pra citar alguma personalidade austríaca, nunca que seria o bigodudo nazista, e sim....o musculoso fisiculturista.
 Arnold Schwarzenegger!!

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